:: Cabaret ::
Conversamos com Márvio, vocalista da banda Cabaret e nesse bate-papo descobrimos artistas que ainda se preocupam com qualidade e inovação. Falamos de influências, novidades, venda de cds e claro, críticas.
1.Quais são as influências da banda?
Bem, as influências são muito diversas. Nós somos muito diferentes nos gostos e, de canção para canção, a gente acaba escolhendo vibrações diferentes, mas não dá pra escapar dos Stones, do Zeppelin, do Ney Matogrosso e do Queen. Aí tem um que curte Pink Floyd, outro que curte Strokes, eu gosto de ópera, varia muito.
2.E quanto ao visual de vocês? Qual a importância da indumentária e da maquiagem? De onde surgiu a idéia?
Bem, isso foi uma coisa que começou nos primórdios, quando Eu, o baixista e o guitarrista. tocávamos numa banda chamada Glamourama. A banda tinha uma proposta glam bastante forte, e eu tomei gosto pela maquiagem. Hoje, não me imagino no palco sem isso. Gosto dessa força a mais, dessa riqueza de expressão e o poder de provocação que a maquiagem me permite no palco.
3.Já que você falou em provocação, além disso, o que mais vocês intencionam transmitir com suas músicas? Do que se tratam suas letras, exatamente?
As letras estão aqui: (www.nobrefarsa.blogspot.com) Antes de responder isso, deixa eu perguntar a vocês: o que foi que eu como artista consegui transmitir a vocês? (Lívia) Não assisti o show todo, mas posso dizer que , no mínimo tentam transmitir coragem e ousadia. Parecem não ligar pras críticas. (Renata) Bem, eu assisti o show e pude observar que você interpreta as canções como um ator de teatro. Pude perceber desde o início. Até perguntei numa de nossas conversas se você era mesmo ator. (Márvio) hmmm. Que bom... gostei da coisa da coragem. Mas, voltando, o que vocês desejam, de fato, transmitir? Isso é relativo e nossas opiniões podem não retratar a intenção de vocês.Eu gosto de interpretar bem as letras; olhar no olho do público. O importante é essa transmissão. Não tenho uma mensagem completa, direcionada. Eu vou onde o ouvinte me permite, mas eu tenho minhas premissas. Uma banda que fala de exagero, desamor urbano. Uma banda que celebra o palco, o espetáculo. Acho que nós somos isso.
4.E como foi a ópera-rock que vocês produziram? Como surgiu a idéia?
Quando a gente tava terminando o disco, eu reparei que havia uma ordem que contava uma história. Só que eu não usei essa ordem no disco porque as pessoas não iam entender. Tempo depois eu comecei a aperfeiçoar a coisa da dramaturgia, da história a ser contada, e aí decidimos que era hora de fazer a tragédia andar.
5.Quem foram os participantes?Bem, quem participou: Carlos Lopes, o Vândalo, do Mustang e do Dorsal Atlântica, O Renato Martins, do Canastra e dos Tremendões, A Tatiana Fake, do Private Dancers, a Leticia Persiles, do Manacá e o Cabaret.
6. E como foi o processo de produção? Foi fácil conseguir patrocínio ou vocês mesmos que produziram?Nós mesmos produzimos.
7. Vocês inovam, logo descartam essa ‘’mesmice’’ que, em geral as bandas se enquadram ao tentar fazer algo diferente, mas acabam caindo num lugar-comum. Já que tudo se encaixa bem, no que diz respeito às letras, melodias, figurino e interpretação, como vocês percebem a reação do público a esse espetáculo? Eu acho que o público gosta desse exagero, de ter alguma coisa para ver que se relacione com as músicas. Eu poderia simplesmente chegar no palco como estou vestido agora que ainda assim as músicas teriam sentindo, mas sendo mais do que eu sou no dia-a-dia, oferecendo um eu-maior, acho que dou ao público um tipo de show que ele não vê sempre. E fico muito confortável quando exerço esse personagem, que eu particularmente acho que é o melhor de mim.
8.Existe algum novo projeto? Pretendem inovar em algum sentido ou a idéia é manter este lado ‘’teatral’’?Acho que a gente vai levar a ópera-rock para algum teatro. Foi uma idéia boa e é preciso fazer com que ela circule. E ela nos permite interagir com gente de outras bandas, o que nos oxigena e oxigena as outras bandas. Imagina: eu convido um vocal de uma banda para cantar as minhas músicas e, normalmente o que sai, é bastante diferente. Ganha a música, ganho eu, o cara me conhece, os públicos se misturam.
9. E para isso já tem patrocínio?Ainda não temos patrocínio e estamos buscando.
10. Vocês já sabem quem serão os próximos convidados?Quem nós vamos convidar num primeiro momento são essas bandas que já fizeram com a gente na estréia, mas acredito que nem sempre eles poderão, porque, afinal de contas, eles têm a própria agenda de shows. Mas o ideal seria que a gente tivesse sempre uma novidade nos papéis.
11.Pretendem viajar em turnê com o espetáculo?Por ora, a gente está buscando um teatro que sirva para o início da temporada. Depois, se a gente conseguir girar pelo Rio e pelo Brasil, será ótimo. É uma batalha muito gostosa de se levar, mesmo porque muita gente pensa: uma ópera-rock baseada nas músicas de um disco que não são como uma ópera-rock? Isso deve ser uma viagem, vaidade dos caras, deve ser ridículo. Muita gente me disse isso, que pensou que ia ser um fiasco. E no fim, falaram: "cara, tá do caralho!" É preciso criar uns solavancos, dar umas piradas. Não que nós sejamos muito originais, mas me inquieta que sempre seja o mesmo formato.
12. A partir do momento que a mesmice começar a incomodar vocês, pensam que podem partir pra outro tipo de apresentação?É assim. Nós somos músicos independentes. Não podemos trabalhar na mesma velocidade do mercado. Os Detonautas lançam disco todo ano, a Pitty, lança disco num ano, DVD no outro, nós não. Então o que acaba acontecendo: o mesmo repertório acaba sendo tocado por quase dois anos por nós.Se a gente não achar uma maneira diferente de se apresentar e de tocar as músicas, CANSA.É como se as músicas agonizassem, ficassem automáticas. Quando a gente decidiu finalmente encenar a ópera-rock, era porque as músicas precisavam daquela metamorfose, para continuarem sendo as músicas que amamos. Não sei se vai dar pra fazer isso com todos os discos: a verdade é que este disco, estas 12 canções, permitiam.
13. Vocês já preparam material novo?Pois é, a gente tem começado a compor o material para o próximo disco. Mas ainda leva tempo para acertar as músicas. Não vale a pena tocar algo que a gente sabe que vai mudar muito. Embora no show de Colégio já tenhamos tocado duas músicas que não estão no disco.
14.E o cd? Conseguiram vender bastante?Esgotamos a primeira prensagem, de mil discos. E estamos fazendo outra. por isso, baixamos o preço do CD. Essa foi outra idéia que tivemos. Só explicando: a segunda prensagem do CD fica pronta em 25 de abril; quem pagar antes, paga só R$ 9. Depois que a prensagem chegar, o preço volta a ser r$ 15. Divulguem isso: os interessados têm que entrar em contato conosco em contatoradiocabaret.com.br
15. Essa pergunta já está chata e é clichê, mas o que você acha da internet e toda essa polêmica pela ilegalidade. Acha que ela é mocinha ou vilã?A internet é uma aliada, claro. Ela é uma ferramenta extraordinária, sem ela nem estaríamos fazendo essa entrevista aqui. Alcançamos um número de pessoas que jamais conseguiríamos em 1995. Em relação à distribuição de mp3 gratuita, veja bem, as gravadoras não podem falar muito, porque elas criaram um sistema ditatorial nas rádios. Uma censura aos artistas sem gravadora, só passava para as rádios quem o jabá deixava.
16. Como vocês lidam com as críticas, principalmente as negativas?Não existe má publicidade. Se estão falando da minha banda, é porque eu agrado ou incomodo. E as duas coisas são boas, num certo sentido. Eu me importo pouco com essas críticas Eu acho o seguinte: uma vez que você sabe o que quer fazer, que você está consciente do seu trabalho e satisfeito com ele, você tem que ir atrás do seu público. E nem sempre o seu público é um Maracanã lotado, pode ser apenas uma galera seleta. Aí, quem comenta mal ou comenta bem vai te fazer sacar isso. Sei lá, o artista depende da crítica? Acho que não. O artista depende do público. O público talvez dependa da crítica, mas hoje em dia ficou tão fácil ouvir uma banda e tirar suas próprias opiniões. A crítica tem que procurar bem o seu papel hoje, assim como o artista. Tá tudo muito na cara. Gente, o CIDM DISTRIBUIU o disco deles naquele show(Em Colégio).Ou seja, quem foi lá, viu o show e pegou o disco tem todas as chances de formar sua própria opinião. A crítica vai servir pra quê? Para analisar BEM. Não para falar bem, mas para dizer com o que a banda se relaciona, onde ela mira, onde ela acerta e erra...
17. Para fechar, deixe uma mensagem, bronca opinião ou qualquer coisa do tipo para os leitores.A única coisa que eu posso dizer é: pessoas, aprendam a vaiar. Façam o artista chato ficar em casa, prestigiem quem é bom, não aceitem quem não respeita o dinheiro do seu ingresso. O artista chato é um perigo. Se você deixar ele tocar muito, você se acaba se habituando a ele. Enfim, aprendam a vaiar. Beijos.
Por: Lívia Bueno e Renata Pitanga
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